Sangramento nasal e rinite

Por que ocorre o sangramento nasal?

Com a chegada do outono e do inverno, o tempo seco, passa a ser uma preocupação para muitas pessoas, devido a relação da baixa umidade do ar (tempo seco) com algumas doenças respiratórias. Nessa época do ano, é comum o registro de índice de umidade relativa do ar abaixo do ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal da umidade relativa do ar para o organismo humano gira entre 40% a 70%.

Quando o tempo está muito seco e com baixa umidade no ar, em dias muito quentes, ocorre a dificuldade na dispersão de gases poluentes, provocando o ressecamento das mucosas das vias aéreas superiores, o que pode tornar as pessoas mais vulneráveis a desenvolverem problemas respiratórios como: rinites alérgicas, crise de asmas infecções virais e bacterianas.

Estima-se que o pior horário seja entre as 15 horas e 16 horas, onde em dias muito secos, a umidade relativa do ar pode cair para os 30 % ou menos.
Quando isso ocorre, muitas pessoas apresentam vários sintomas como: garganta seca e irritada, sensação de areia nos olhos que ficam vermelhos e congestionados, ressecamento da pele, cansaço, dor de cabeça, complicações alérgicas, sangramento nasal, tosse e espirros persistentes.
Em dias de baixa umidade do ar, onde o clima fica muito seco, o sangramento nasal pode acontecer nas crianças e nos adultos, e é comum nas crianças abaixo dos dez anos e em adultos maiores que trinta e cinco anos.

O sangramento nasal acontece devido ao ressecamento da mucosa nasal, em quase todos os casos, este sangramento ocorre na parte da frente do septo nasal (região que separa as narinas direita e esquerda).

O que é o sangramento nasal?

Também definido como epistaxe, caracteriza-se por um sangramento da mucosa nasal e ocorre por uma alteração na hemostasia (mecanismo de defesa contra a perda de sangue) normal do nariz.

São classificadas como epistaxes anteriores e posteriores:
Anterior: representam 90% dos casos, e são de intensidade mais branda e ocorre na região anterior do septo nasal (região rica em vasos e vulnerável ao ressecamento).
Posterior: os sangramentos posteriores são menos frequentes, mais graves e necessitam em alguns casos, de intervenções médicas. São mais comuns na faixa etária acima dos 50 anos.

O que fazer em caso de sangramento nasal?

Na maioria dos casos os sangramentos nasais, não trazem maiores problemas e se realizada a compressão de maneira correta.
Casos mais graves, onde o sangramento não cessa, poderá ser necessária a intervenção médica com procedimentos como cauterização, tamponamento nasal, entre outros.
Para sangramentos menores, que ocorrem comumente por conta do ressecamento da mucosa nasal, os procedimentos são:

1. Sentar o adulto ou criança confortavelmente;

2. Realizar a compressão da “asa do nariz” em forma de pinça também chamada de digito-pressão (de 10 a 15 minutos);

3. Posicionar a cabeça flexionada anteriormente, ou seja, colocar a cabeça para frente;

4. Colocar compressa fria ou com gelo no dorso nasal (borda do nariz);
Obs.: colocar o gelo dentro de um saco plástico e protegido com tecido para evitar lesões na pele.

5. Após o controle do sangramento poderá ser realizada a lavagem com soro fisiológico 0,9%.

Atenção:
Se após todas as medidas tomadas o sangramento persistir, comunicar os familiares do aluno, pois poderá ser necessária avaliação médica.

O que não deve ser feito em caso de sangramento nasal:
– Não inclinar a cabeça para trás, especialmente em crianças, esse posicionamento poderá levar a deglutição de sangue, vômito e até engasgo;
– Evitar banhos quentes e alimentos quentes após o sangramento nasal;
– Evitar banho de sol após o sangramento nasal;
– Não realizar tampão, pois isso poderá causar ferimentos na mucosa nasal.

O que é importante saber sobre rinite

Conforme o Consenso Brasileiro de 2012 sobre Rinites:
Rinite é a inflamação da mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia (corrimento excessivo do muco nasal), espirros, prurido e hiposmia (perda parcial do olfato)
As rinites são classificadas conforme seu agente desencadeador, sendo divididas em: rinites infecciosas (por bactérias, fungos e vírus), rinites alérgicas e não alérgicas, por exemplo: alguns medicamentos, drogas ilícitas, associada a refluxo gastroesofágico) e rinites idiopáticas.

Rinite Alérgica na Crianças

Na rinite alérgica, ocorre a inflamação da mucosa nasal, após a criança entrar em contato com o agente causador de sua alergia, provocando sinais e sintomas típicos dessa doença como: espirros seguidos ou em crises, coriza aquosa, obstrução nasal e prurido ou coceira no nariz, olhos, garganta ou ouvidos.
Vale lembrar, que o fator genético e hereditário é forte na rinite alérgica, que pode iniciar em qualquer idade, embora seja mais comum na infância e adolescência, e atinge igualmente meninos e meninas.
Os “causadores” ou alérgenos, como são chamados na literatura médica, capazes de provocar uma crise de rinite alérgica são:

Fatores Aeroalergênicos:

Ácaros: o ácaro da poeira domiciliar tem mais de 20 componentes que podem causar alergias,
Fungos: se multiplicam principalmente quando existe vazamentos ou umidade excessiva no ambiente
Baratas: soltam proteínas provenientes de sua renovação e decomposição, que podem estar presentes na poeira da casa e provocar alergias
Animais domésticos: cães e gatos também podem provocar alergias, acredita-se que as caspas e os pelos são causadores das reações alérgicas.
Pólen: melhor documentada na região sul do país, devido as estações climáticas serem melhor definidas, e existir o cultivo de plantas alergênicas (Ex : Lolium multiflorum).

Fatores Ambientais:

Mudança brusca de temperatura: pode irritar a mucosa nasal
Exposição a fumaça de cigarro: é um dos maiores agressores, e está muito presente dentro das casas das pessoas, agride diretamente a mucosa nasal e pode desencadear e agravar a rinite alérgica.
Poluição ambiental: cada vez mais presente nas cidades grandes, fator problema para a saúde pública, uma vez que apresenta evidências epidemiológicas de ser fator precipitante e agravante de rinite alérgica e de outras doenças respiratórias.

Tratamento da Rinite Alérgica:

O tratamento da rinite alérgica é feito sob supervisão direta do pediatra, e consiste em administração de medicamentos, que controlam a inflamação da mucosa nasal, o uso de sprays nasais, também são utilizados.
O tratamento com vacinas (imunoterapia) poderá ser uma opção dependendo da idade da criança.
Vale lembrar que, o mais importante, é controlar o ambiente, afastando os alérgenos que prejudicam a criança, tanto na escola, quanto em seu ambiente domiciliar.

Medidas ambientais para controle da Rinite Alérgica por fatores ambientais, tanto em casa como na escola:

– Manter os ambientes arejados, limpos e livre de umidade (mofos);
– Evitar o acúmulo de pó, em qualquer tipo de superfície, especialmente brinquedos;
– Retirar carpetes;
– Manter cortinas limpas;
– Retirar o pó com pano úmido, evitar vassouras;
– Colocar capas impermeáveis no colchão e travesseiro e limpá-las com pano úmido, e lavá-las a cada dois ou três meses;
– Em casa: animais de pelos – mantê-los fora de casa e principalmente fora do quarto. Nunca na cama!

Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL. III Consenso Brasileiro sobre Rinites – 2012, ABAI, ABOCCF, 2012;

COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E POLÍTICAS DE SAÚDE– CODEPPS, Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas, 2007.

OTORRINO USP. Epistaxe, Seminário 69, Disciplina de Otorrinolargingologia da Universidade de São Paulo, USP, 2011.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Protocolo de Renite Alérgica. SUS, Prefeitura de Belo Horizonte, MG, 2012.

PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA. Protocolo Clínico de Saúde da Criança, Autarquia Municipal de Saúde, 1. ed., 70 p. 2006.

PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA, VALERA, F. C. P.; et al. Protocolo Clínico de Saúde da Criança, Autarquia Municipal de Saúde, 1. ed., 70 p. 2006.

SMELTZER, S.C.; BARE, B.G.Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10. ed. v.4. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.

 

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